segunda-feira, 10 de junho de 2013

03/07/2011 | ENTREVISTA: Ailton de Souza Gomes | MOLÉCULA DO DIA: Ácido Araquidônico PDF | Print |
"Este projeto é uma homenagem aos profissionais que escolheram a química para guiar seus sonhos.
No projeto dos 365 dias com a Química, temos 1 entrevista e a apresentação de 1 molécula por dia.
As moléculas que estão sendo apresentadas não foram escolhidas pelos entrevistados. Elas são compiladas por um grupo de alunos de doutorado da UFRJ, com o apoio do grupo da QNINT/ SBQ."
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Entrevista
Ailton de Souza Gomes
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1- Como e quando tudo começou?
O meu primeiro contato com a química ocorreu no primeiro ano científico do Colégio Militar do RJ. Gostei muito de estudar aquela nova disciplina, que me levou a fazer o vestibular para a Escola de Química da UFRJ e daí para um contato maior com a Química Orgânica, ministrada pela Professora Eloísa Mano. A parte experimental da disciplina me fez descobrir o gosto pelo laboratório e as diferentes técnicas de síntese orgânica. No período de férias fui convidado pela professora a testar varias sínteses de compostos orgânicos, que seriam incluídos num livro de práticas de Química Orgânica e que estava sendo redigido por ela e o Professor Seabra, da Faculdade de Farmácia. Na ocasião estava começando o curso de pós-graduação em Química no Instituto de Química da UFRJ. Professores estrangeiros chegavam ao Brasil, entre os quais a professora Madeleine Joulliè, que ministrou as aulas de Química de Heterocíclicos, nas quais participei como ouvinte. Ao término das aulas fui convidado a enviar o meu pedido inscrição no curso PG da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Ao termino do curso Químico Industrial (1965) recebi a noticia da oferta uma bolsa Teaching Fellow da Universidade da Pensilvânia, para realizar o meu PhD.

2- Por que fez essa escolha profissional?
Ao término da obtenção do meu PhD (1968) fui informado que o Professor Carl Djerassi estava chefiando uma delegação professores americanos, a fim de iniciar um programa de intercâmbio entre a NAS (National Academy of Science) e o CNPq. Entre eles estava o Professor Charles Overberger da Universidade Michigan, responsável pela área Polímeros e o professor brasileiro parceiro era a Professora Eloísa Mano. Nos últimos meses na UPenn, ainda ministrando práticas de Química Orgânica no laboratório, recebi um telefonema do Professor Overberger convidando para uma reunião em Ann Arbor, Michigan e para realizar um pós doutoramento em Polímeros. A idéia era retornar posteriormente ao Brasil para participar do programa de cooperação. Em 1970 entrei como docente para Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estou até hoje. Neste período ministrei disciplinas de pós-graduação no Instituto de Química até 1980, quando foi criado o curso de pós-graduação de mestrado e doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob minha coordenação.

3- Quais são suas atividades profissionais atualmente? Gostaria de destacar alguma do passado?
Em 1984, com uma licença sem vencimentos, aceitei um convite para organizar o laboratório pesquisa da firma Kaury-Sigma, em Duque de Caxias, RJ, com o objetivo de fabricar vários insumos até então importados. Basicamente, a idéia era focar para resinas epóxi e poliamidas. Decorridos 2 anos de licença que eu tinha direito, retornei a UFRJ para continuar as atividades de ensino e pesquisa.

4- Se pudesse escolher uma descoberta da Química para ter realizado, qual seria?
Os catalisadores Ziegler e Natta causaram uma revolução industrial que perdura até hoje, vários pólos petroquímicos foram criados a partir da produção em larga escala de plásticos de polietileno e polipropileno.

5- Alguma sugestão para os novos profissionais e estudantes?
Há uma carência enorme de profissionais de química no Brasil, para atender as vagas deixadas pelos profissionais que estão se aposentando e suprir as necessidades que estão vindo com o crescimento industrial acelerado do País.

6- Quais barreiras a Química precisa ultrapassar ou quais perguntas ainda precisam ser respondidas?
A Química se tornou multidisciplinar, exigindo conhecimentos em diversas áreas, como a de materiais e na medicina, onde a cura de algumas doenças, como Alzheimer e Parkinson, aguardam que os químicos fabriquem novas drogas mais efetivas.

ENDEREÇO PROFISSIONAL
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituo de Macromoléculas Professora Eloisa Mano.
Avenida Brigadeiro Trompowisky s/n
Ilha do Fundão
21945-970 - Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Telefone: (21) 2562-7210

Possui graduação em Engenharia Química e Química Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1965), doutorado em Química - University of Pennsylvania (1968) e Pós-doutorado na Universidade de Michigan (1969). Professor Visitante na Case Western Reserve em Cleveland (1989-1990) Coordenou a elaboração do Programa de Pós Graduação do Mestrado e Doutorado em Ciências e Tecnologia de Polímeros (1978) e criou o Curso de Especialização em Processamento de Plásticos e Borracha do IMA/UFRJ (2000). Pesquisador 1A do CNPq (1976-2004). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Química, com ênfase em Polímeros e Colóides, atuando principalmente nos seguintes temas: polímeros, polimerização, síntese, nanocompositos e membranas para uso em célula a combustível. Coordenou o 41st IUPAC World Polymer Congress em 2006. Recebeu o Prêmio ABPOl-Eloisa Mano 2007.

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